Um desabafo e pronto (ponto)!

12/08/2015 07:54

Depois de tantos meses sem escrever por conta de vários incidentes (e alguns acidentes sem ferimentos físicos), resolvi escrever de novo aqui, preciso desabafar...hoje, quer dizer, neste atual momento sou uma mãe frustrada! Não estou feliz!

É que no universo da maternidade parece haver uma regra em especial, disseminada pela mídia e principalmente por outras mães, a de que toda mãe é (ou deveria ser) extremamente feliz, mesmo nas adversidades, o tal do "padecer no paraíso"... Será que é mesmo? Mas aí, quando você não se sente feliz, parece que o problema é você ou outra coisa não relacionada à maternidade, basicamente tipo um " vá se tratar! Porque realmente você tem problemas! Ser mãe é maravilhoso, uma bênção (e não estou dizendo que não é), quantas mulheres gostariam de ser mães e não podem e você aí reclamando sua ingrata!" Então pronto! Não está mais aqui quem falou!

Tentei buscar obsevar o que me tem deixado frustrada e resolvi começar pelo básico, ou melhor, pelas necessidades básicas de todo ser humano, e a que considero imprescindível: descansar/dormir! (Assunto recorrente) Lá se foram 1 ano e 10 meses sem engatar um sono de mais de 4 horas direto, com raríssimas exceções! Deve ser porque o bebê (que está deixando de ser bebê) acorda mais de 5 vezes por noite e agora deu para berrar com todas as suas forças, espernear e bater em todos nós... seriam os tais "terrible two" ou o problema sou eu? É que estou desesperadamente tão cansada que não consigo enxergar ou raciocinar com clareza acerca deste fato. Não dormir o tanto que "eu julgava" necessitar me transformou em um zumbi nervoso, faço as coisas me arrastando e explodindo por bobeirinhas, depois me sinto um monstro horrível porque minha filha maiorzinha me viu surtar, prometo à ela (e a mim mesma) que não vou fazer mais! Depois de uns dias, em alguns casos horas, estou eu arrancando os cabelos de novo, fazendo igual, me arrependendo, sentindo culpa e repensando que talvez eu não tenha mesmo o "perfil" adequado de alguém que devesse ser mãe, mas agora é tarde e já tenho minhas crianças...É isto: me sinto inadequada para desempenhar a função de mãe, da qual, obviamente, não há posssibilidade de eu ser destituída! 

Prosseguindo...sentar à mesa para comer nem é algo que me incomoda tanto (e até se eu pudesse escolher entre dormir e comer, escolheria dormir, na verdade entre qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, eu prefiro sempre dormir!), mas justifica meus sofríveis 47kg (aliado ao fato de que não consegui desmamar ainda por completo) fora isso nada que possa ser detectado em exames de sangue. Algumas pessoas devem achar que tenho tendências anoréxicas, isto me ocorreu agora...Não, não sou obcecada por magreza, corpo sarado e definido, talvez lá no íntimo eu gostaria de ter mais curvas, mas na verdade eu não ligo pra isto! Preferia mesmo poder sentar à mesa (na verdade, dormir) com um pouco de paz e frequência, assim sem sobressaltos, sem correria, ao lado das crianças e quando possível do marido, mas meu pequeno gosta de praticar uma versão baby do "le parkour" pela casa, principalmente durante as refeições e em geral fico atrás dele insistindo para que fique sentando e coma, e olha que tenho deixado ele comer sozinho (o que é difícil pra mim porque tenho problemas em ver comida esparramada) mas não adianta, ele não pára! 

Vou expor até este último item a seguir porque já está ficando cansativo, mas não quer dizer que não tenham outros...É que pensar nisto me deixa pra baixo com certeza! Quando você é uma mãe que opta por "estender" sua licença-maternidade para acompanhar o desenvolvimento do seu bebê, trabalhava antes (ou não) e agora dedica-se em período integral ao bebê e ao lar, segundo informações disseminadas por aí,  deveria se sentir extremamente feliz e agradecida afinal é o desejo da maioria das mulheres não é? Ocorre que eu (e talvez tenha mais gente como eu, please...) não aguento mais ser "do lar"! Fiquei refletindo aqui, remoendo, "ruminando": parece que todo tempo que me dediquei a estudo/profissão desde a época da escola até dias antes do bebê nascer foi desnecessário! Ter um filho e se dedicar exclusivamente a ele pareceu me destituir, na verdade, de qualquer outro "título" que tive: anos de estudo, cursos que fiz, lugares que visitei, pessoas que conheci antes...tudo ficou suspenso, e agora faz parte de um universo paralelo particular e, nos dias piores, me faz acreditar que não valeram de nada afinal cá estou: sem dormir, descabelada, tentando fazer o almoço enquanto a criança puxa minha calça e berra aos meus pés, pensando em toda a roupa que tem pra lavar depois de mais uma noite mal dormida, pior ainda quando por conta de uma virose que deixou tudo cheirando a vômito! Coisas assim que eu nem sabia que faziam parte do "pacote Ser Mãe" e assinei sem ler! Que me fazem perguntar "o que estou fazendo aqui?" Ou até atingir níveis mais profundos de existencialismo: de onde viemos? Para onde vamos? Planeta Terra chamando, Planeta Terra chamando, desculpa gente, tive um devaneio!

Por todas estas coisas aí, no momento, admito que sou uma mãe frustrada...pelo menos até a próxima graça dos meus pimpolhos para considerar que sim, no final das contas, valeu a pena!