Radicalizando...

12/04/2015 10:08

Não poderia deixar de falar da minha última proeza: a saída do Facebook! Dentre tantos motivos para este ato de rebeldia (em tempos de tão alta conectividade virtual) está o fato de ser mãe! 

Vamos começar do começo...entrei no face faz um bom tempo, não sei bem se foi em 2009, 2010, por aí,  vim do êxodo do povo do Orkut, recebi a informação de que o Face era para os descolados, antenados e estudados (?), o Orkut era para o oposto. Então migrei, um montão de gente me achou,  fui adicionando, tinha lá uns 500 rostos (entre familiares, amigo, alunos, conhecidos e desconhecidos tb). Eu raramente entrava no Face, tinha a Ana e o trabalho de profe. Mas aí virei "do lar" total e o face veio a preencher os momentos de ócio e, como quem não quer nada, os outros também,  e minha pequena observadora começou: "mãe,  eu também quero ter facebook!", falei que crianças não podiam ter e que ela se comunicasse com as amiguinhas através do meu, então comecei a ser adicionada por menores de 10 anos...

O que ocorre é que de tanto entrar no Facebook acabei conhecendo um pouco da personalidade virtual de algumas pessoas (sim,  porque acho que as pessoas postam e compartilham um pouco de si), tive gratas surpresas: pessoas que pensavam como eu sobre vários aspectos, mas também tive muitas decepções...aí pensei: também devo ter decepcionado muita gente com meus posicionamentos (uma das primeiras pessoas mais próximas a me "excluir" foi uma das minhas cunhadas, irmã do meu marido). Não vou dizer que não me importei, me importei sim, um pouco...aí me esqueci, por um tempo. Sem contar o fato de que pelo face se fica sabendo das últimas notícias,  quem vai ser mãe/pai, quem casou, quem separou, quem bebeu, comeu, passou vergonha, etc, etc...por conta desta disponibilidade de informações recebeu do meu marido a meiga alcunha de "Fuxiqueirobook".

E minha Ana de novo querendo entrar, e eu dizendo que criança não podia e ela citando fulana, cicrana e beltrana que tinham...e meus argumentos ficando escassos! 

O Facebook me fez tal mal que no dia que saiu o resultado do 2o turno das eleições eu não conseguia dormir de tanto nojo do que li, vindo de pessoas ali da minha relação de "amigos", era tanta ofensa e disparate que pensei que as pessoas tinham pirado de vez! Aí comecei uma limpa silenciosa, e como também postava meus posicionamentos acredito que ali comecei a ser excluída também...e minha pequena observadora ali: "mãe,  chega de política! " (ela só tem 8 anos).

Infelizmente a discussão prosseguiu e o nível não subiu, não tenho problemas em ler opiniões divergentes, contanto que com argumentos plausíveis, mas ofensas e ataques pessoais (e a minha pessoa não foi claramente um alvo) desqualificam qualquer conversa...como a maioria das pessoas da minha lista era de ex-alunos achei que falhei, em parte, como professora, via suas postagens e pensava: "nossa, fulano pensa isso? Nas aulas falávamos sobre as canções na época da Ditadura Militar no Brasil (acabávamos falando de História mesmo) e o que esta criatura não entendeu? Não serviu para nada...sequer para ensinar respeito, direitos humanos, ser humano.

Sim, o face estava me fazendo mal (fazia um bem, quando eu trocava ideias com as pessoas em sintonia), e, em meio a tudo isso, surgiam lá carinhas infantis fazendo biquinhos de beijo e mãozinhas na cintura. O limite da exposição de uma criança é sempre pessoal, cada mãe/pai sabe até onde vai o seu, mas internamente todos nós julgamos os outros, mesmo não admitindo...o face me transformou em juíza de valores e em ré a ser julgada também! Odiei estes papéis, me senti uma marionete, do narcisismo, do ego!

Tenho que contar também que quando você está pensando em tomar alguma atitude drástica parece que o universo vai conspirando: comecei a receber vídeos alertando sobre a inclusão precoce nos meios digitais, mudava de canal na Tv e tinha um programa com casos reais de crianças enganadas e raptadas por "amigos" virtuais e num outro canal aquele filme "Confiar" (a menina se deixa levar também...) aí fiquei apavorada mesmo!!! Estaria eu recebendo sinais???

Será que expus demais meus filhos? Meu Deus o que fiz? Então, me virei e disse para Ana: "Filha, a mãe não vai deixar você ter Facebook,  a mãe mesma vai deixar de ter, não faz bem...a mãe deixa vc usar o whatsapp, tá!", e ela ficou feliz em mandar emoticons divertidos para a avó e os tios!

Então,  para concluir, saí do face, principalmente, porque não estava gostando da pessoa que me tornei por causa dele. Saí para não cair na tentação de expor meus pequenos, seja por meio de fotos ou perfis (e isto é a minha noção de exposição, cada um tem a sua), mesmo porque as pessoas que realmente se importam conosco e querem acompanhar o crescimento e as nossas aventuras já encontraram outros meios para não perder contato (e isso me deixou super feliz!), mas achei q o messenger ainda funcionaria, só que não...(que pena!), de resto, os dias foram passando e eu fui sentindo menos falta de algumas faces do face...e a Ana também!