pontos de vista
Sou uma observadora compulsiva também, o que, consequentemente, me faz refletir sobre absolutamente tudo o que vejo, ouço e vivencio e isso a ponto de perder o sono (que já considero uma dádiva preciosa quando sem interrupções), então, em outra palavras, eu penso demais! E minha "fonte de inspiração" está em tudo que me cerca, filhos+marido, no meu círculo de amizades, família (os que essencialmente lêem o que escrevo) e no que leio e vejo por aí. O assunto "pontos de vista" foi uma grata sugestão, mas bem complexa...
Começou com uma conversa sobre pontos de referência de um endereço, quando duas pessoas desejam chegar em uma mesma rua mas a visualizam a partir de pontos de referência distintos (cada um relaciona com aquilo que mais lhe chama a atenção ou lhe parece peculiar, sim normalmente são divergentes!), mas fluiu para outros aspectos da vida...
A maternidade para quem não é mãe ainda é bem fantasiosa! Ah sim...as que são mães ajudam a criar essa fantasia porque só expõe as maravilhas, mas também de nada adiantaria expor as mazelas porque só mesmo saindo de um ponto de vista a) pessoa sem filhos (sabe de nada inocente!), para outro b) a expectativa de esperar um filho e os deliciosos preparativos, até chegar ao ponto de vista c) ninguém disse que era assim mega difícil ter/criar/educar filhos! Claro, nesse meio aí tem muitas coisas boas, carinho, amor e a gama de clichés que sobram por aí mas, sim, são verdadeiros, de certo modo...
Aí lembrei do excelente Poema Enjoadinho do Vinicius de Moraes, então lá vai...
Filhos... Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-lo?
Se não os temos
Que de consulta
Quanto silêncio
Como os queremos!
Banho de mar
Diz que é um porrete...
Cônjuge voa
Transpõe o espaço
Engole água
Fica salgada
Se iodifica
Depois, que boa
Que morenaço
Que a esposa fica!
Resultado: filho.
E então começa
A aporrinhação:
Cocô está branco
Cocô está preto
Bebe amoníaco
Comeu botão.
Filhos?
Filhos
Melhor não tê-los
Noites de insônia
Cãs prematuras
Prantos convulsos
Meu Deus, salvai-o!
Filhos são o demo
Melhor não tê-los...
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Como saber
Que macieza
Nos seus cabelos
Que cheiro morno
Na sua carne
Que gosto doce
Na sua boca!
Chupam gilete
Bebem shampoo
Ateiam fogo
No quarteirão
Porém, que coisa
Que coisa louca
Que coisa linda
Que os filhos são!
O texto acima foi extraído do livro "Antologia Poética", Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1960, pág. 195.
E quanto ao assunto...vou continuar em outra ocasião porque meu caçula está "destruindo" a casa!