pontos de vista

13/02/2015 13:56

Sou uma observadora compulsiva também, o que, consequentemente, me faz refletir sobre absolutamente tudo o que vejo, ouço e vivencio e isso a ponto de perder o sono (que já considero uma dádiva preciosa quando sem interrupções), então, em outra palavras, eu penso demais! E minha "fonte de inspiração" está em tudo que me cerca, filhos+marido, no meu círculo de amizades, família (os que essencialmente lêem o que escrevo) e no que leio e vejo por aí. O assunto "pontos de vista" foi uma grata sugestão,  mas bem complexa...

Começou com uma conversa sobre pontos de referência de um endereço,  quando duas pessoas desejam chegar em uma mesma rua mas a visualizam a partir de pontos de referência distintos (cada um relaciona com aquilo que mais lhe chama a atenção ou lhe parece peculiar, sim normalmente são divergentes!), mas fluiu para outros aspectos da vida...

A maternidade para quem não é mãe ainda é bem fantasiosa! Ah sim...as que são mães ajudam a criar essa fantasia porque só expõe as maravilhas, mas também de nada adiantaria expor as mazelas porque só mesmo saindo de um ponto de vista a) pessoa sem filhos (sabe de nada inocente!), para outro b) a expectativa de esperar um filho e os deliciosos preparativos, até chegar ao ponto de vista c) ninguém disse que era assim mega difícil ter/criar/educar filhos! Claro, nesse meio aí tem muitas coisas boas, carinho, amor e a gama de clichés que sobram por aí mas, sim, são verdadeiros, de certo modo...

Aí lembrei do excelente Poema Enjoadinho do Vinicius de Moraes, então lá vai...

Filhos...  Filhos?

Melhor não tê-los!

Mas se não os temos

Como sabê-lo?

Se não os temos

Que de consulta

Quanto silêncio

Como os queremos!

Banho de mar

Diz que é um porrete...

Cônjuge voa

Transpõe o espaço

Engole água

Fica salgada

Se iodifica

Depois, que boa

Que morenaço

Que a esposa fica!

Resultado: filho.

E então começa

A aporrinhação:

Cocô está branco

Cocô está preto

Bebe amoníaco

Comeu botão. 

Filhos?  

Filhos

Melhor não tê-los

Noites de insônia

Cãs prematuras

Prantos convulsos

Meu Deus, salvai-o!

Filhos são o demo

Melhor não tê-los...

Mas se não os temos

Como sabê-los?

Como saber

Que macieza

Nos seus cabelos

Que cheiro morno

Na sua carne

Que gosto doce

Na sua boca!

Chupam gilete

Bebem shampoo

Ateiam fogo

No quarteirão

Porém, que coisa

Que coisa louca

Que coisa linda

Que os filhos são!

O texto acima foi extraído do livro "Antologia Poética", Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1960, pág. 195.

E quanto ao assunto...vou continuar em outra ocasião porque meu caçula está "destruindo" a casa!